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[Diário Mágico]: Não existe deus senão o homem


22 DE FEVEREIRO DE 2025 E.V. – não existe deus senão o homem


Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.


Consegui bater a meta de sūryanamaskāra: 49 ciclos. Já são 182 dias com foco no aperfeiçoamento da khecarīmudrā como parte final do sādhanā. A sensação de boca seca cessou desde a última quinta-feira, e a salivação intensa já não ocorre mais como no início. Bem-estar durante toda a prática. O tema da reflexão foi não existe deus senão o homem, em detrimento do texto que estou escrevendo para a nova edição de A Lança & o Graal, inspirado no Liber AL vel Legis (III:17): De Todo não Temais.

 

A expressão retirada de Liber Oz: não existe deus senão o homem é uma fórmula mágica da magia sexual thelêmica e envolve os mistérios fálicos da fisiologia masculina. Alguns thelemita-z têm deturpado essa fórmula, inclusive com a tradução de não existe deus senão o ser humano. No livro faço a seguinte nota:

 

É interessante este movimento de deturpação dos códices filosóficos de Thelema. Uma das injunções de Liber Oz é: Não existe deus senão o homem. Como demonstrei com detalhes em O Olho de Hoor (Vol. I, No. 3), Liber Oz foi cuidadosamente preparado como um Manifesto Oficial da O.T.O. a partir do ritual de passagem para o II° Grau da Ordem, cujo sistema de iniciação foi delineado para homens, indivíduos que têm o PHALLUS. Em toda história religiosa em que os cultos fálicos se desenvolveram, estes envolviam os mistérios do homem, não da mulher. [...] Uma vez que o PHALLUS envolve a ejeção do sêmen e da urina, podemos esperar alguma forma de explicação destes processos [...] [Mas] nenhuma das histórias concernentes aos processos masculinos necessita envolver [uma explicação sobre] os processos femininos, nem incluírem o conhecimento de inseminação ou fertilização. Elas podem ser parte de uma mitologia masculina especializada, talvez transmitida na iniciação de garotos ou na convocação de caçadores como parte de um repertório xamânico masculino. Alexander Marshack, citado em Alain Daniélou. The Phallus: Sacred Symbol of Male Creative Power. Inner Traditions, 1995, pp. 6.

Desde a fundação da O.T.O. todos os arcanos da ordem são androcêntricos, mas a atual administração resolveu disseminar a ideia de que a palavra PHALLUS espalhada nas instruções da O.T.O. trata-se de uma metáfora para o poder dinâmico inerente tanto ao homem quanto a mulher. Baboseira! Eu falarei com mais detalhes sobre estes mistérios nesta nova série de livros. Traduzir a injunção de Liber Oz como Não existe deus senão o ser humano, é deturpar estupidamente a fórmula mágica da magia sexual thelêmica e o próprio sistema de iniciação da O.T.O. Na injunção não existe deus senão o homem está encerrado um arcano de mistério da magia sexual thelêmica – e, portanto, de um estilo de vida e cosmovisão thelêmicos – transmitida pela O.T.O.

 

Muitos desses thelemita-z usam dessa injunção para pregarem um tipo de ateísmo thelêmico, negando qualquer tipo de hierarquia espiritual, usando até a declaração de Nietzsche (1844-1900), Deus está morto, para corroborar essas sandices. Não há como ser um thelemita e negar tanto a existência de Deus ou das hierarquias espirituais. Simples assim! Acontece que Nietzsche originalmente usa essa frase para expressar sua ideia de que a deificação da alma elimina a possibilidade da existência de Deus. Ele nunca disse que Deus em si estava morto, mas sim que a capacidade do homem de percebê-lo havia morrido. E Crowley concordaria. Por um lado, quando ele informa seus seguidores de que não existe deus senão o homem, deseja de fato que estes adorem a si mesmos acima de tudo, pois a verdadeira implicação de sua frase é que Deus e o Homem são Um e o Mesmo - assim como é acima é abaixo. Então, nos termos de Thelema, a única explicação racional para a existência de Deus é examinar a si mesmo, já que, indiretamente, todos nós fomos feitos à sua imagem.

 

Em outras palavras, Crowley não está dizendo que Deus, os deuses ou uma hierarquia espiritual não existem. Ele está simplesmente agindo como um agnóstico. Essa crença está enraizada no movimento do livre pensamento de seus dias na Universidade de Cambridge, uma corrente baseada nos princípios do biólogo inglês Thomas Henry Huxley (1825-1895), que cunhou o termo agnóstico em 1869. Essa visão sustenta que o raciocínio humano é incapaz de fornecer bases racionais ou científicas suficientes para justificar tanto a crença na existência de Deus quanto a crença de que Deus não existe. Os membros desse grupo eram conhecidos como livre-pensadores, e seu objetivo era eliminar as forças da superstição e do dogmatismo teológico. Eles defendiam que o conhecimento, especialmente o religioso, deveria ser fundamentado em fatos, investigação científica e lógica. Essa é a base do Iluminismo Científico que Crowley desenvolveu. No entanto, Crowley também está dizendo que nós devemos amar tudo ao nosso redor imediatamente, dissolvendo as dicotomias da dualidade, pois tudo é um aspecto de um ser maior, nós mesmos incluídos. Para Crowley, a frase de Nietzsche Deus está morto era uma hipótese inconsciente enfatizando que a humanidade agora deve encontrar um novo modo de espiritualidade. Isso representa um precursor essencial para a atual Era de Aquário, que exige uma abordagem diferente da vida, na qual culpa e vergonha não são mais usadas como ferramentas para gerar medo e obediência cega a uma pessoa, uma religião, uma ordem mágica ou algo que não podemos ver. Essa atitude rebelde e luciferiana é um requisito que nos obriga a parar de buscar no mundo exterior a justificativa para nossas crenças pessoais. Para encontrar Deus, devemos olhar para dentro. Para um thelemita, isso representa uma mudança cultural que se afasta da fé cega e caminha em direção à certeza pessoal: Eu dou alegrias inimagináveis sobre a terra; certeza, não fé, enquanto em vida (Liber AL vel Legis I:58).


Amor é a lei, amor sob vontade.


Frater AHA-ON777

 
 
 

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